Olha só o que voltará a habitar as ruas: nossa Gaiola Literária! A produção de novas gaiolas já começou! Estamos arrecadando livros, sugestões de lugares e telhados de plástico (pequeno, em média 70 cm x 50 cm).
"O nome de Manoel de Barros, o mais aclamado poeta brasileiro da contemporaneidade nos meios literários, consta em uma lista interna da União Brasileira dos Escritores (UBE) como um dos possíveis indicados para a Academia Sueca para concorrer ao prêmio Nobel de Literatura de 2013."
"Eu tenho um ermo enorme dentro do olho. Por motivo do ermo não fui um menino peralta. Agora tenho saudade do que não fui. Acho que o que faço agora é o que não pude fazer na infância. Faço outro tipo de peraltagem. Quando eu era criança eu deveria pular muro do vizinho para catar goiaba. Mas não havia vizinho. Em vez de peraltagem eu fazia solidão. Brincava de fingir que pedra era lagarto. Que la...ta era navio. Que sabugo era um serzinho mal resolvido e igual a um filhote de gafanhoto. Cresci brincando no chão, entre formigas. De uma infância livre e sem comparamentos. Eu tinha mais comunhão com as coisas do que comparação. Porque se a gente fala a partir de ser criança, a gente faz comunhão: de um orvalho e sua aranha, de uma tarde e suas garças, de um pássaro e sua árvore. Então eu trago das minhas raízes crianceiras a visão comungante e oblíqua das coisas. Eu sei dizer sem pudor que o escuro me ilumina. É um paradoxo que ajuda a poesia e que eu falo sem pudor. Eu tenho que essa visão oblíqua vem de eu ter sido criança em algum lugar perdido onde havia transfusão da natureza e comunhão com ela. Era o menino e os bichinhos. Era o menino e o sol. O menino e o rio. Era o menino e as árvores."
"Memórias inventadas – As Infâncias de Manoel de Barros", São Paulo: Planeta do Brasil, 2010. p. 187
Este é "Limoeiro Ramon", poeta que compartilha sua poesia no metrô.
'Edigmar virou o Limoeiro Ramon após sofrer um AVC que paralisou perna e braço esquerdos. Para ter renda, começou a vender limão em um carrinho de feira amarrado na cintura, que garantia o equilíbrio nas subidas do bairro.
Virou poeta após ser atropelado. O acidente o deixou em uma cadeira de rodas por 40 dias, tempo que usou para escrever o seu primeiro livro: "O Alicerce" '
Você pode adquirir sua obra pelo email: karla_robson@hotmail.com ou quando encontrá-lo pelos caminhos subterrâneos.
Há muitas maneiras de interpretar uma mesma ideia, criar nossa pequena biblioteca em uma gaiola foi uma maneira de homenagear esse menino-poeta, porém, outras ricas interpretações borbulham por aí.
O que desejamos é que essa mesma ideia ganhe cada vez mais interpretações e ações, seja em gaiolas, em biciclotecas, ou o que mais a imaginação permirtir.